22 de jan. de 2012
OMG: Beyoncé é uma mosca !!!
É dourada, mas só executa coreografias em voo e cantar não é com ela. Pelo menos, segundo os nossos parâmetros. Eis a Scaptia (Plinthina) beyoncea, uma mosca descoberta a Oeste de Cairns (Austrália) em 1981 e só agora catalogada e nomeada com a fina arte da taxonomia.
Os entomologistas (estudiosos de insectos) encarregues de lhe dar o nome quiseram homenagear Beyoncé Knowles, famosa intérprete norte-americana de R&B exactamente pelos tons dourados – os mesmos que a sua homónima humana envergava num videoclipe de uma canção do seu grupo anterior, as Destiny’s Child. E há que acrescentar o ano da descoberta desta espécie, o mesmo do nascimento de Beyoncé (1981).
E é quanto basta para dar um nome a um insecto. De acordo com o Bryan Lessard, o australiano responsável pelo centro que nomeou a mosca, esta vai tornar-se «a diva das moscas de todos os tempos» e é uma oportunidade de «mostrar o lado divertido da taxonomia». Além de ser uma forma de cativar mais gente para a ciência, acredita Lessard.
O hábito de dar nomes de figuras públicas a espécies, animais ou vegetais, não é inédito. E assegura, garantem os entomólogos, um lugar, mesmo que por vezes questionável, no panteão mediático: «Quando se é taxonomista e se é mencionado na Rolling Stone, sabemos que chegámos» aos corredores estreitos da fama, diz Quentin Wheeler, um especialista norte-americano na área. De facto, Wheeler e outros taxonomistas já foram mencionados naquela revista pop, por terem acertado no alvo na altura dos baptismos. Ainda assim, o cientista diz que esta é uma forma de «autopromoção sem vergonha».
Seja como for, parece não haver, pelo menos nos EUA ou nos países anglófonos em geral, grande pudor em dar nomes deste género. Beyoncé não foi a única no mundo da música pop, já que Neil Young e os Ramones também podem ser revistos com a nomenclatura em latim nos mais variados insectos.
Há que não esquecer outro músico, este um recordista, Frank Zappa. Em 1987, um cientista deu o apelido do compositor a uma alforreca. A razão era mais que simples: queria conhecer Zappa pessoalmente. O plano deu resultado. Mas Zappa serve também para identificar uma espécie de peixe e uma aranha, cuja penugem fazia lembrar o bigode do músico.
Este fervor mediático não poupou sequer Barack Obama. O Caloplaca obamae é um líquen e foi assim nomeado em homenagem ao apoio do Presidente dos EUA à ciência e à educação.
Agastados poderiam ter ficado o antecessor de Obama, George W. Bush, e dois dos membros do seu Governo, Dick Cheney e Donald Rumsfeld. A cada um pertence uma variante de uma espécie de besouro, o Agathidium, conhecido, respectivamente, por bushi, cheneyi e rumsfeldi. Curiosamente, Darth Vader, o vilão da hexalogia cinematográfica A Guerra das Estrelas emprestou apelido a outro Agathidium, o vaderi.
A verdade é que, analogias com vilões à parte, os entomólogos responsáveis pela gracinha, da Universidade de Cornell, entenderam a nomenclatura como um cumprimento aos três ex-dirigentes. E Bush telefonou-lhes em pessoa para agradecer.
Fauna diversificada
Humor é algo que, de resto, não falta. A actriz Kate Winslet, célebre pelo papel em Titanic, foi agraciada com a escolha de outro besouro, o Agra katewinsletae. Os cientistas justificaram assim a escolha: «A personagem dela não afundou com o navio, mas não poderemos dizer o mesmo em relação a esta espécie elegante, se todas as florestas tropicais se transformarem em pastagens».
Rebuscado? O apelo ecológico é outro dos critérios. O humorista britânico John Cleese, um dos Monty Python, serviu de patrónimo a um lémure, o Avahi cleesei, pelo seu trabalho em defesa da conservação destes primatas.
Mais óbvia foi a escolha de um nome para uma espécie de coelho, o Sylvilagus palustris hefneri. É evidente, neste caso, que Hugh Hefner, o fundador e patrão da revista Playboy (cujo símbolo é uma coelhinha), seria o candidato mais indicado para o baptismo.
Na categoria dos que nomeiam mais do que uma espécie, o comediante Stephen Colbert (pode ser visto na SIC Radical, em The Colbert Report) deu nome a uma espécie de aranha (Aptostichus stephencolberti) e a um besouro da Venezuela, o Agaporomorphus colberti. A dupla nomeação deveu-se a algo mais prosaico: Colbert implorou, no seu programa, que dessem o seu nome a espécies animais. E quanto mais estranhas, melhor...
ricardo.nabais@sol.pt
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